AS MULHERES DO POT – PEACE ON THE TABLE – POR SHEILA MANN
O projeto POT- Peace On the Table, a culinária pela paz, abrange várias atividades, desde publicações, performances artísticas em museus e espaços culturais, jantares de confraternização, sempre com o tema da paz através do compartilhamento de uma refeição. Há um ano e meio atrás, incentivada pelo Sheik Houssam Al- Boustani, formei um grupo de mulheres judias e mulheres árabes muçulmanas dispostas a se reunir uma vez por mês para simplesmente coexistir juntas, criar laços de amizade e provar que a convivência pacífica entre os diferentes é possível, portanto que haja o respeito mútuo pelas diferenças.
A ideia nesses almoços, era promover a aproximação entre as mulheres, sentando- as ao lado de uma nova companheira, tirando-as assim da sua zona de conforto de se sentar ao lado da sua amiga conhecida. O grupo começou com 12 pessoas, seis de cada comunidade, sentadas alternadamente, uma judia e uma muçulmana. Esse esquema deu muito certo e elas se tornaram muito próximas, se encontrando fora desses almoços, compartilhando experiências sobre filhos, pais, amigas, reforçando laços de amizade, deixando o assunto religião e política de fora.
No último almoço promovido por mim, na minha casa, decidi ampliar o grupo, convidando as mulheres árabes cristãs também, estávamos em 25 mulheres. Deu certo, e todas estavam muito contentes de estar juntas, e de sentir que estavam fazendo algo aparentemente impossível… Apresentei para elas nessa ocasião o livro do grupo da Robi Damelin, mulher israelense que dirige uma Ong,” Parents Circle for Bereaved Families”, organização de mulheres israelenses e palestinas que perderam um ente querido nos conflitos. O livro cujo tema é receitas de picles e geleias, foi publicado com a participação das mulheres desse grupo. Isso me deu a ideia de preparar e publicar um livro de receitas do grupo POT também. Seria uma maneira de juntar a mulheres em torno de um projeto em comum.
Acredito nesse projeto, nesse sonho de promover a paz entre os povos, e acredito que isso passa pelas mulheres que são irmãs, esposas, mães, e avôs que não querem perder nenhum ente querido nessas guerras sem sentido!
Tenho certeza que qualquer pessoa que for perguntada, se ela é a favor da paz, responderia com a afirmativa, mas o que as pessoas não sabem, é como fazer para alcançar essa utopia, essa ideia abstrata. Meu projeto POT, agrada tanto, porque ele traz uma ação direta de envolvimento afetivo através da culinária! Nada mais generoso e afetuoso do que cozinhar para os outros. Preparar e compartilhar uma refeição com o Outro, que é semelhante e igual a mim na sua necessidade de comer para viver, é um ato direto e simples.
O resultado desse sucesso, é a expansão do grupo. Cada vez mais pessoas que ficam sabendo do grupo, se interessam e querem integrá-lo, e também resultou na formação de novos grupos semelhantes. O primeiro grupo fora de São Paulo, vai ser formado no Rio de Janeiro, com a ajuda da querida amiga Patrícia Tolmasquim, e suas amigas cariocas tanto judias quanto árabes, fui convidada também a formar um grupo em Porto Alegre e talvez daqui a pouco, fora do Brasil.
Convido a todas as mulheres que tiverem interesse em participar desse grupo, a se juntarem a nós e ajudarem a tornar esse projeto, um movimento das mulheres brasileiras que não querem importar o conflito do Oriente- Médio pra cá, mas ao contrário exportar um modelo de convivência pacífica para o mundo.
O QUE É O POT
O POT – Peace On the Table é um projeto que aborda o tema da convivência pacífica através da culinária.
SOBRE SHEILA MANN
Sheila Mann é judia, formada em artes plásticas, nascida no Líbano e crescida em Israel. Ela é conhecedora das culturas árabe e judaica com fluência em ambas as línguas, o que a torna ainda mais próxima das duas comunidades. A artista chegou ao Brasil, com 18 anos, casada e grávida de gêmeas. A dura fase de adaptação a nova cultura e aos filhos logo foi superada com a decisão de voltar a estudar. Inscreveu-se no curso de literatura da Aliança Francesa, para não perder a fluência no idioma adquirido em sua escola primária no Líbano, e também resolveu estudar artes plásticas.
Sheila lançou no ano passado o livro de memórias e culinária “SHEILA MANN – CULINÁRIA DO LÍBANO A ISRAEL” e atualmente dá aulas de culinária libanesa na sua própria escola e palestras sobre o seu trabalho.